sábado, 25 de agosto de 2012

Montanha da Mesa: o cartão-postal da Cidade do Cabo



Com 1086 metros de altitude e 1460 espécies de plantas, a Table Mountain (Montanha da Mesa) é o principal cartão-postal da região mais ao sul do país da Copa. Impossível imaginar a Cidade do Cabo sem esse impressionante cenário... Além de a atração ser uma das opções imperdíveis para quem está de passagem pela cidade, é também uma das mais antigas! Grande parte da programação turística é recente, abriu suas portas depois que o apartheid (regime de segregação que vigorou de 1948 a 1994) foi extinto, sinalizando uma nova era para a África do Sul. Mas a Montanha da Mesa (que faz parte do Parque Nacional da Montanha da Mesa) é diferente. Ela recebeu (de bondinho) seus primeiros visitantes há 80 anos. Até hoje, esses carrinhos já transportaram mais de 20 milhões de pessoas! 

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A multidão que faz esse trajeto quer mais conforto para apreciar a vista e toda a diversidade ao redor, diferentemente daquela que sobe a Montanha da Mesa para tocar em vez de olhar, tal como um grupo desbravador prefere. O caminho que, a princípio, seria feito em poucos minutos é transformado em quatro horas pelos mais aventureiros, como conta ao Por dentro da África do Sul o diretor de Marketing Collete Van Aswegen. Ele diz que para os esportistas que quiserem fazer trilha, a subida é gratuita, puxada, deslumbrante, porém cheia de recomendações. “Como em qualquer caminhada há sempre o elemento de risco, os visitantes são lembrados que o tempo pode mudar rapidamente. Para os que estão fazendo isso pela primeira vez, a nossa dica é usar o caminho Platteklip Gorge”, revela Van sobre a rota mais segura de aproximadamente duas horas até o topo, em uma temperatura que varia dos 8ºC aos 15ºC! “Durante a Copa do Mundo, a sensação térmica no topo será de aproximadamente oito graus Celsius. Estaremos no inverno!”, alerta o nosso entrevistado sobre a montanha que, coberta pela neblina, é chamada de "Toalha da Mesa"! 

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Para não correr riscos de passar frio, tropeçar - lembrando que é uma área cheia de vegetação, pedras e picos -, Collete afirma que a melhor opção acaba sendo o cable car, o tal bondinho importado da Suíça, que tem capacidade para 65 pessoas. O mesmo cable car que o angolano Efigênio Zamba usou para conhecer a Montanha da Mesa. “Assim, a gente pode aproveitar mais o tempo sobre a montanha e ver toda a cidade de uma forma bem privilegiada”, conta o africano de Luanda que não hesita em dizer que a visita é obrigatória. “É um lugar deslumbrante. E depois da subida, a gente ainda pode almoçar em um bom restaurante. De um lado a montanha e do outro o azul do mar. A gente sente uma grande intimidade com a natureza e uma tremenda paz de espírito", diz Efigênio. 

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“Durante muitos anos encarcerados na Robben Island, nós olhávamos frequentemente a magnífica silhueta da Montanha da Mesa. Para nós, ela era como um farol de esperança. Representava o continente para onde retornaríamos um dia” – Nelson Mandela


Fonte: http://www.jblog.com.br/africadosul.php?itemid=20594&catid=310

"Bloem": a capital florida da África do Sul


No centro do país da Copa, há uma cidade-sede famosa pelo seu cenário de roseiras. Bloemfontein é um grande jardim, e essa particularidade faz acontecer, em outubro, um festival importantíssimo que reúne gente de todo o mundo que chega à cidade apenas para expor seus modelos.
Ela também tem nome grande e pede um apelido! Assim como Joanesburgo é chamada de Joburg, há uma forma mais sucinta de se referir a Bloemfontein... “Bloem”, que significa cidade das flores em afrikaans, uma das línguas mais faladas na região ao lado de zulu, setswana e também sesotho (o que se explica pela proximidade com Lesotho - país que fica ali do lado). Aproveitando a diversidade linguística, em sesotho, Bloem é Mangaung, significado que não tem nenhuma relação com flores, mas com o guepardo, animal da fauna local!
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City Hall - Arquivo África do Sul

Fundada em 1846, a cidade-sede, que receberá cinco jogos durante a Copa do Mundo, é uma das mais importantes do país. Bloemfontein é a capital judiciária da África do Sul, lembrando que são três as capitais do país! Ao Norte, Pretoria ergue o pilar administrativo, ao sul, a Cidade do Cabo revela o Parlamento e no centro, Bloem expõe a sua Corte Suprema! Desta forma, ela não é apenas a sede da Copa, mas a sede do Tribunal e forma o tripé das capitais sul-africanas. Outro orgulho de Bloem (e também da região) é de ser a cidade natal de J.R.R.Tolkein (escritor de Senhor dos Anéis), nascido em 3 de janeiro de 1892.

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Ruas de Bloemfontein - Arquivo África do Sul 

Historicamente, Bloem guarda lembranças trágicas, por ter sido um dos principais palcos da Segunda Guerra dos Bôeres (1899), abrigando um campo de concentração inglês que matou crianças e mulheres bôeres (fazendeiros afrikaaners descendentes de alemães, franceses e principalmente holandeses). Em homenagem a elas, foi erguido o Memorial Nacional da Mulheres.
Mas hoje, Bloem - com cerca de 500 mil habitantes - é pacata, tranquila e conhecida dos brasileiros desde o ano passado, quando a cidade foi palco do jogo de estreia da seleção brasileira na Copa das Confederações. Além das flores, há mais riqueza em seu solo... A província de Free State (Estado Livre)é líder sul-africana em biocombustíveis e rica em minérios! A exploração do ouro representa 20% da produção mundial desse precioso metal. Além do ouro, o diamante também enriquece o solo sul-africano. Perto de Bloem, já na província de Northen Cape (a 160 km), encontra-se a maior mina de diamante do mundo: Kimberly, de onde já saíram mais de três toneladas de diamantes!

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Kimberley, a maior mina de diamantes do mundo - Arquivo The guide org 

Fonte : http://www.jblog.com.br/africadosul.php?catid=327&blogid=123

Baobá: árvore símbolo da África



[...] Imaginem seis mil anos se passarem e uma árvore continuar de pé, forte, com milhares de litros de água armazenados e uma sombra de dar inveja!? Não é para qualquer um, mas é para o Baobá, árvore de grande porte (proveniente das savanas africanas) que pode chegar a aproximadamente 40 metros de altura e cerca de 10 metros de diâmetro! Com um tronco tão grande, é possível morar, jantar e brindar ali dentro! Por que não chamar os amigos e celebrar dentro do maior Baobá do mundo? Esse lugar existe e está em Modjadjiskloof, Limpopo, província que abriga Polokwane, uma das cidades-sede da Copa! O “baobá-bar” é tão espaçoso que precisaria de uns 40 adultos com braços estendidos para abraçar os 43 metros de circunferência! Dentro do exótico estabelecimento cabem 15 clientes bem à vontade, como se não estivessem dentro de uma árvore! 

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O baobá personifica o espírito africano. É considerada a árvore da vida, com uma importância única para tribos inteiras. Diante delas, nativos se reuniam porque acreditavam que o espírito do Baobá os ajudaria a tomar decisões importantes. Ela também é considerada uma fonte de fertilidade e a solução medicinal para muitos males. Há uma lenda no Senegal que diz que se um morto for sepultado dentro de um baobá, sua alma irá viver enquanto a planta existir! Lembrando que o baobá vive muito... “Seis mil anos é demais, mas com certeza, mil anos eles vivem. É um dos seres vivos mais velhos do mundo" [...].


 Fonte: http://www.jblog.com.br/africadosul.php?itemid=20327

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Influências africanas em Helvécia - Bahia

A comunidade de Helvécia se origina na antiga Colônia Leopoldina, uma colônia suíço-alemã estabelecida em 1818 e que prosperou até a abolição, em 1888, dependendo da mão-de-obra escrava para o cultivo do café. Segundo testemunho do médico da colônia, em 1858, havia uma população de 200 brancos, principalmente suíços e alemães, com alguns franceses e brasileiros e 2000 negros, na maior parte nascidos na colônia (TÖELSNER apud FERREIRA, 1984: 22). Alguns autores têm comentado que o exemplo de Helvécia é especial porque os senhores eram, na sua maioria, estrangeiros e, portanto, não tinham o português como língua materna (cf. discussão em ZIMMERMAN, 1999: 466; e em BAXTER & LUCCHESI, 1999). Contudo, há outros fatores mais significativos que apontam para o seu estatuto especial. Dentre esses, destacamos o fato de a comunidade de ex-escravos da Colônia Leopoldina ter se fixado na região da colônia, numa situação relativamente isolada, e não se ter dispersado tanto quanto outras populações de ex-escravos após 1888.
Por outro lado, a identificação dos fatores extralinguísticos que teriam contribuído para as divergências no dialeto ainda é possível, graças a uma documentação histórica rica, embora incompleta, que facilita um estudo da demografia das populações de escravos e que permite formular algumas hipóteses em torno da questão.
Relativamente ao período anterior a 1850, o ano da lei Queiroz que proibiu definitivamente a importação de escravos, há informações pertinentes à proporção de escravos para livres. Assim, em 1848 esta proporção era de 10 para 1, embora a proporção nas fazendas com grandes números de escravos fosse bastante superior a esta. No estabelecimento do suíço João Martinus Flach, por exemplo, a proporção era de 24 para 1, e havia 108 escravos (cf. BAXTER & LUCCHESI, 1999: 128-9). A julgar pelas evidências disponíveis, no período anterior a 1830, a situação seria semelhante (BAXTER, 1999: 3-4).
É evidente que, em tais circunstâncias, o acesso que a criança escrava teria a modelos de falantes nativos do português seria mínimo. Mesmo o contato com o português falado como língua segunda dos senhores estrangeiros teria sido precário nas fazendas, em função do elevado número de escravos. Também cabe observar que a grande maioria dos escravos nestas fazendas eram escravos de lavoura. As listas de escravos de 1854 a 1882 manifestam uma média de 92% de escravos de lavoura, de maneira que supomos que os contatos que o escravo teria com modelos de português falado como língua materna seriam mínimos. Os modelos dominantes para a aquisição da língua materna da criança escrava seriam os modelos falados por outros escravos. Portanto, cabe investigar as proporções relativas de escravos africanos e escravos brasileiros adultos para esclarecer as proporções relativas de falantes de português como língua materna e de falantes de português como língua segunda na população escrava.
Neste mesmo período, e até o final da década de 1850, a proporção de africanos para crioulos nas fazendas ainda é bastante alta, atingindo uma média próxima a 50% da população adulta. Em determinadas fazendas, a proporção de africanos na população adulta era relativamente alta, ainda na década de 1860; como na fazenda da família Vequet, onde, em 1865, 59% dos 46 escravos adultos eram africanos, e na fazenda do médico Töelsner, onde, em 1864, a proporção era de 67% (16/24). Mesmo na década de 1870, havia fazendas com proporções altas para aquela época: por exemplo, em 1871, na fazenda da família Tatet, havia 43% (24/36) de adultos africanos; e, em 1872, na fazenda de Ana Ida, havia uma proporção de 37% (23/62). O Gráfico 1 apresenta as proporções para o período de 1850 a 1880:
Proporções de escravos africanos, e escravos brasileiros adultos e pré-adolescentes nas fazendas da Colônia Leopoldina
As implicações dessas proporções altas nos primeiros períodos são bastante óbvias. O elemento africano teria fornecido para as crianças escravas nascidas na colônia modelos de português falado como língua segunda (e, talvez, em algumas circunstâncias, o modelo seria mesmo o das línguas africanas). Muito importante nesse sentido é o fato de que havia uma população crescente de escravos nascidos na Colônia Leopoldina.
Contudo, no que diz respeito à natureza dos modelos disponíveis para o processo de nativização das variedades de português falado como língua segunda entre os escravos, é evidente que são os contextos específicos que são pertinentes. Uma das listas de escravos consultadas permite uma visão muito instrutiva dos possíveis modelos disponíveis à criança numa população escrava duma fazenda de café, no que diz respeito às línguas africanas e aos modelos de português falado pelos escravos adultos. A lista provém do inventário Mantandon, de 1858 (Baxter, 1999: 12-14), e apresenta a seguinte composição da escravaria: 23 africanos, 33 crioulos e uma mulata. Entre os escravos nascidos no Brasil, há 18 crianças pré-adolescentes. Os africanos são de seis grupos etnolinguísticos diferentes: monjolo (1), nagô (4), gêge (1), cabinda (1), moçambique (1), benguela (2) e há oito africanos de origens não determinada. De especial interesse é o fato dos casais e os conjuntos familiares estarem identificados. Há cinco casais africanos, um dos quais (pai cabinda e mãe moçambique) tem crianças. Há dois casais africano/crioulo (pai crioulo e mãe benguela), os dois com crianças; e há três casais crioulos, dois deles com crianças. Finalmente, há seis mães solteiras.
Quais eram os modelos linguísticos potencialmente disponíveis para as crianças neste contexto? Por um lado, as crianças teriam o português falado como língua materna, o modelo materno predominante neste contexto. De fato, oito grupos de crianças tinham mães escravas falantes nativas de português. Destes oito grupos de irmãos, dois grupos tinham modelos de português nativizado por parte da mãe e do pai. Porem, há três grupos de crianças com modelos maternos de português falado como língua segunda, e num caso o pai também não é falante nativo do português. Além disso, existe a possibilidade de que as crianças de três unidades familiares tenham adquirido também a língua africana dos seus pais. Para a criança, nessa fazenda, fora do contato dos pais, as possibilidades de contato com modelos de português falado como língua segunda pelos outros escravos são, em termos puramente numéricos, maiores do que as possibilidades de contatos com o português nativizado falado pelos escravos. O fato de que 55% dos escravos adultos eram africanos também implica que a criança entraria em contato com línguas africanas, talvez na senzala. Pelo menos sete origens etnolinguísticas africanas estão representadas nesta população, e é provável que pelo menos três línguas africanas fossem faladas: nagô, congo e benguela.
Um outro aspecto importante deste gênero de micro-situação diz respeito às fontes de uma eventual influência do substrato. Neste caso, teríamos que postular sete possíveis fontes de influências do substrato, a influência das línguas com mais falantes sendo talvez maior. Contudo, noutras fazendas a gama de fontes destas influências podia ser ainda mais extensa, como foi o caso da fazenda Krull, em 1854 (Baxter & Lucchesi, 1999:131), onde havia 33 africanos com as seguintes características: origens não-identificadas (4), nagô (14), cabinda (5), congo (3), hauçá (2), Benim (1), calabar (1), moçambique (1), rebôla (1), gêge (1). Embora os escravos do grupo linguístico kwa predominassem em algumas fazendas, em outras fazendas predominavam escravos do grupo linguístico banto. Na fazenda da família Reis, em 1854, só havia escravos do grupo linguístico banto, e eram de seis áreas linguísticas, sendo predominantes os moçambiques (BAXTER & LUCCHESI, 1999: 131). Esta diversidade inter-fazenda e intra-fazenda implica que as influências do substrato tenderiam a ser diluídas na maioria das situações e muito específicas em uns poucos casos.
Para o período de 1847 a 1872, os números totais dos africanos identificados por origem indicam que, proporcionalmente, houve mais escravos do grupo banto, de diversas áreas. Porém, os nagôs constituíram o maior grupo uniforme (BAXTER, 1999:7-8). Neste sentido, além da possibilidade da prevalência de algumas estruturas do substrato no processo de aquisição/nativização do português, deve-se pensar que seja muito provável a utilização de línguas africanas em determinadas fazendas durante as primeiras décadas da Colônia. Contudo, os efeitos desta presença linguística africana seriam diluídos a partir de 1850, com o fim da importação de africanos, o envelhecimento da população escrava africana e a mistura de escravos por meio do comércio de escravos interno à própria Colônia (BAXTER, 1999).
Portanto, a partir da análise dos dados históricos disponíveis, podemos concluir, em primeiro lugar, que a grande heterogeneidade etnolinguística da população de escravos africanos não criou uma situação favorável à interferências do substrato no processo de aquisição do português por essa primeira geração e na sua nativização nas gerações seguintes. Por outro lado, a grande proporção de escravos em relação aos falantes nativos de português (destacando-se o expressivo contingente de escravos africanos) teria dificultado em muito o acesso aos modelos de português falado como língua materna no processo de aquisição/nativização da língua entre a população escrava. Desse modo, pode-se pensar que o português transmitido para as gerações seguintes de escravos e seus descendentes na região de Helvécia tenha passado por profundas alterações decorrentes desse processo defectivo de aquisição/nativização. E foram os vestígios dessas profundas alterações que chamaram a atenção de Carlota Ferreira, pesquisadora do Atlas Prévio dos Falares Baianos, no início da década de 1960.

Caracterização linguística feita no início da década de 1960

Infelizmente, as duas pesquisadoras do Atlas Prévio dos Falares Baianos (APFB) não dispunham sequer de um aparelho gravador, quando chegaram a Helvécia, na noite de 25 de fevereiro de 1961. Após aplicarem os questionários no último ponto definido no APFB, a localidade de Ibiranhém, rumaram para uma localidade próxima, mas de difícil acesso, da qual haviam ouvido ter uma gente com uma fala diferente. Chegando a Helvécia, confirmaram essas primeiras informações com os moradores mais jovens da vila, que "diziam que naquela cidade havia muita gente que falava diferente, 'engraçado', principalmente os mais velhos, e acrescentavam ainda que muitas vezes era difícil, para eles mesmos, filhos da terra, entenderem" (FERREIRA, 1984: 22-3). Foi assim que, no dia seguinte, com lápis e papel na mão, as duas pesquisadoras do APFB buscaram registrar, junto a esses membros mais velhos da comunidade, algumas características de "um falar crioulo que deve ter sido geral, já que em 1961 dele subsistiam ainda vestígios" (FERREIRA, 1984: 22).
Do pouco material que conseguiram recolher com dois informantes idosos (uma mulher de aproximadamente 75 anos e um homem de 80 anos), "foi na morfossintaxe, como é natural , que Helvécia nos forneceu maiores indícios de um possível crioulismo" (Ferreira, 1984: 28). E as seguintes estruturas foram registradas como evidências mais notáveis de um processo anterior de crioulização:
  1. uso variável do artigo definido
    Ex.: "quando abri janela"
  2. variação na concordância de gênero, tanto no interior do SN quanto na relação com um termo predicativo:
    Ex.: "io nõ póde rumá o casa"
    "ela é muito saído"
  3. simplificação da morfologia flexional do verbo:
  • – variação na flexão número-pessoal que atinge a primeira pessoa do singular:
    Ex.: "io sabe"; "io esqueceu"
  • – uso da forma do presente pela forma do pretérito do indicativo:
    Ex.: "io nõ póde rumá o casa" ('eu não podia arrumar a casa')
  • – uso da forma do infinitivo em contextos de formas finitas:
    Ex.: "io conhecê" por 'eu conheço'; "ele morê" por 'ele morreu'; e "quando io andá na Ponta de Areia, nõ tinha nada" ('quando eu andava em Ponta de Areia, não havia nada lá')
Portanto, não obstante a escassez do registro, as evidências são muito fortes em favor de um processo anterior de crioulização, ou talvez, mais precisamente, de semi-crioulização, que se apoia nos dados sócio-históricos da comunidade.

Caracterização linguística atual

Felizmente, muitas das características registradas pelas pesquisadoras do APFB ainda podem ser encontradas na comunidade de fala de Helvécia-BA. Foi o que pudemos constatar nas análises que realizamos sobre duas amostras, perfazendo um total de aproximadamente quarenta horas de gravação de fala, constituídas em duas estadas na comunidade; uma primeira, em 1988, e uma segunda, em 1994 (cf. BAXTER & LUCCHESI, 1993 e 1997; BAXTER, LUCCHESI & GUIMARÃES, 1997; e Lucchesi, 1998a).
Ao lado dos fatos fonéticos e morfossintáticos – tais como a variação na concordância nominal de número e na concordância verbal – que caracterizam o português rural do Brasil, o dialeto de Helvécia apresenta certos traços que são mais raros entre os falares do interior do país e apontam para um processo anterior de profundas alterações em seu sistema linguístico.
Contudo, tais características atualmente só se mantêm com uma frequência significativa na fala dos mais velhos. Pode-se pensar com razoável segurança que a frequência da variação observada em 1960 seria muito mais elevada do que a que se verifica hoje. Para além disso, fica o campo aberto para a especulação acerca das estruturas crioulizantes que escaparam à limitada observação feita em 1961. Desse modo, podemos pensar que certos fatos de natureza crioulizante que hoje exibem uma reduzida frequência teriam sido bem mais gerais no passado.
Para além da variação na concordância de gênero, o dialeto apresenta estruturas variáveis decorrentes de processos anteriores de perda de substância gramatical típicos do contato entre línguas. Ainda no plano do SN, observa-se o uso variável do artigo definido. No plano da morfologia verbal, o dialeto apresenta uma variação na flexão de número e pessoa que chega a atingir a primeira pessoa do singular, e um uso instável dos morfemas modo-temporais. No plano da estrutura da oração, verificamos uma variação no emprego dos conectivos gramaticais. O Quadro abaixo apresenta de forma esquemática e com exemplos esses traços ainda hoje presentes no Dialeto de Helvécia:

Características crioulizantes do dialeto afro-brasileiro de Helvécia-BA

  • Na estrutura do SN
    1. uso variável do artigo definido:
      1. "eu sô fia de lugá"
        'eu sou filha do/deste lugar'
      • Na morfologia verbal
    2. o uso de formas do presente utilizadas para expressar ações e estados que ocorreram no passado:
      1. A véia Veronca nõ é mãe dela non.
        'a velha Verônica não era mãe dela'
      2. Quando chega lá, eles nõ queria que eu sai nõ.
        'quando cheguei lá, eles não queriam que eu saisse'
      3. Quando eu veio logo, ele já toma.
        'quando eu vim, ele tomou [aquilo] logo'
    3. o uso de formas aparentemente finitas em contexto de formas do infinitivo, como em (i), e vice-versa, como em (ii):
      1. Ele não pode vai lá não.
        'ele não pode ir lá'
      2. Eu comê só uma vez
        'eu comi só uma vez'
    4. redução da concordância verbal que atinge todas as pessoas do verbo, inclusive a primeira pessoa do singular:
      1. Eu vai planejano assim mehmo.
        'eu vou planejando assim mesmo'
    5. variação relativa à presença do verbo copulativo:
      1. Esse aí Ø neto de Casimiro.
        'esse aí é neto de Casimiro'
      • Nas relações sintagmáticas e oracionais
    6. variação no emprego de preposições:
      1. Meu amigo, eu num vou dizê o senhô que não.
        'meu amigo, eu não vou dizer ao senhor que não".
      2. Eu tenho direito distraí um pouco.
        'eu tenho o direito de me distrair um pouco'
    7. variação no emprego de complementizadores:
      1. Inda finado queria eu vai.
        'o finado ainda queria que eu fosse'
      2. A pessoa num subé cuzinhá uma carne tá ruim.
        'a pessoa que não souber cozinhar uma carne está ruim'
Uma das consequências mais notáveis do processo de transmissão linguística irregular desencadeado a partir do contato abrupto e massivo entre línguas é a variação/eliminação do uso de partículas gramaticais (artigos, morfemas flexionais, preposições e complementizadores). Os dados sócio-históricos da comunidade de fala de Helvécia-BA fornecem evidências empíricas que nos permitem relacionar os fatos dessa natureza apresentados no quadro acima com o processo massivo, defectivo, e não normatizado de aquisição/nativização do português por parte dos escravos africanos trazidos para a Colônia Leopoldina e seus descendentes crioulos.
Para além da dificuldade de acesso a modelos do português falado como língua materna, vale destacar também que todo esse processo de aquisição/nativização se deu sem contar com nenhum referencial normatizador, já que o seu objetivo inicial era o de apenas garantir a comunicação emergencial e imperativa entre senhores e escravos. E mesmo quando o português prevaleceu sobre as línguas africanas entre a população de escravos e seus descendentes, esse processo de expansão funcional da língua se implementou independentemente de qualquer ação normatizadora, criando condições extremamente favoráveis à fixação de estruturas desviantes. Essa variedade de português assim constituída foi sendo transmitida de geração em geração sem qualquer influência normatizadora relevante, em função do isolamento e do abandono da população de Helvécia por parte dos organismos de políticas públicas nacionais até meados da década de 1960. A partir de então, a abertura de rodovias (sobretudo, o trecho da BR-101, que atravessa a região), a expansão do sistema de educação pública e a crescente influência dos meios de comunicação de massa têm alterado esta situação, integrando o dialeto de Helvécia na tendência geral de mudança observada entre as variedades populares e rurais do português do Brasil. Tais constatações levantam a seguinte questão: até que ponto esses fatos observados ainda hoje em Helvécia estiveram presentes na história do português popular do Brasil?
Infelizmente ainda não dispomos de estudos monográficos sistemáticos que nos ofereçam um retrato fiel dos falares rurais brasileiros (sobretudo de comunidades que não sejam predominantemente de origem afro-brasileira). O quadro geral da sócio-história do português popular do Brasil oferece evidências de que processos de crioulização leve, ou de semi-crioulização, devem ter sido bastante frequentes, principalmente nas grandes propriedades rurais espalhadas pelo interior do país. Consequentemente, as características que particularizam o dialeto de Helvécia no cenário geral dos dialetos brasileiros talvez possam ser atribuídas não apenas ao fato de ter havido um processo mais intenso de transmissão linguística irregular em Helvécia, como também ao fato de o dialeto de Helvécia se ter mantido em um maior isolamento até recentemente. Nesse sentido, as análises que apontam para processos de mudanças aquisicionais descrioulizantes (no sentido mais amplo do termo) em curso atualmente no dialeto de Helvécia reforçam a hipótese de que os dialetos rurais brasileiros estariam já há algumas décadas integrados num processo de nivelamento linguístico normatizador, através do qual muitas das marcas provenientes do contato entre línguas que marca a história desses dialetos estariam sendo eliminadas. Desse modo, mesmo que os demais dialetos rurais brasileiros tenham, em média, sido menos afetados pelo contato entre línguas que o dialeto de Helvécia, isso não significa que muitas das características que esses dialetos ainda exibem não sejam resultantes de um processo anterior de transmissão linguística irregular.
   
A CAPOEIRA

  Em Helvécia a um importante grupo de capoeira que é um dos mais conhecidos do Extremo Sul da Bahia, o grupo é liderado pelo Mestre Reginaldo mais conhecido como Mestre Regi. a capoeira na cidade de HELVÉCIA é praticada desde a  escola até na praça , lá na escola apartir do ensino  fundamental e ensinado aos alunos como se pratica a capoeira , onde para praticar deve-se ter uma boa nota  boa conduta dentro e fora dela


Nelson Mandela


Nelson Rolihlahla Mandela foi um líder rebelde e, posteriormente, presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Principal representante do movimento anti-apartheid, considerado pelo povo um guerreiro em luta pela liberdade, era tido pelo governo sul-africano como um terrorista e passou quase três décadas na cadeia.
De etnia Xhosa, Mandela nasceu no pequeno vilarejo de Qunu, distrito de Umtata, na região do Transkei. Aos sete anos, Mandela tornou-se o primeiro membro da família a frequentar a escola, onde lhe foi dado o nome inglês "Nelson". Seu pai morreu logo depois, e Nelson seguiu para uma escola próxima ao palácio do Regente. Seguindo as tradições Xhosa, ele foi iniciado na sociedade aos 16 anos, seguindo para o Instituto Clarkebury, onde estudou cultura ocidental.
Em 1934, Mandela mudou-se para Fort Beaufort, cidade com escolas que recebiam a maior parte da realeza Thembu, e ali tomou interesse no boxe e nas corridas. Após se matricular, ele começou o curso para se tornar bacharel em direito na Universidade de Fort Hare, onde conheceu Oliver Tambo e iniciou uma longa amizade.
Ao final do primeiro ano, Mandela se envolveu com o movimento estudantil, num boicote contra as políticas universitárias, sendo expulso da universidade. Dali foi para Johanesburgo, onde terminou sua graduação na Universidade da África do Sul (UNISA) por correspondência. Continuou seus estudos de direito na Universidade de Witwatersrand.
Como jovem estudante do direito, Mandela se envolveu na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano em 1942, e dois anos depois fundou com Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros, a Liga Jovem do CNA.
Depois da eleição de 1948 dar a vitória aos afrikaners (Partido Nacional), que apoiavam a política de segregação racial, Mandela tornou-se mais ativo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955) que divulgou a Carta da Liberdade - documento contendo um programa fundamental para a causa anti-apartheid.
Comprometido de início apenas com atos não-violentos, Mandela e seus colegas aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180.
Em 1961, ele se tornou comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK), fundado por ele e outros. Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo e viajou para a Argélia para treinamento paramilitar.
Em agosto de 1962 Nelson Mandela foi preso após informes da CIA à polícia sul-africana, sendo sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 1964 foi condenado a prisão perpétua por sabotagem (o que Mandela admitiu) e por conspirar para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela nega).
No decorrer dos 27 anos que ficou preso, Mandela se tornou de tal modo associado à oposição ao apartheid que o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou o lema das campanhas anti-apartheid em vários países.
Durante os anos 1970, ele recusou uma revisão da pena e, em 1985, não aceitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Mandela continuou na prisão até fevereiro de 1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, aos 72 anos, por ordem do presidente Frederik Willem de Klerk.
Nelson Mandela e Frederik de Klerk dividiram o Prêmio Nobel da paz em 1993.
Como presidente do CNA (de julho de 1991 a dezembro de 1997) e primeiro presidente negro da África do Sul (de maio de 1994 a junho de 1999), Mandela comandou a transição do regime de minoria no comando, o apartheid, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa.
Ele se casou três vezes. A primeira esposa de Mandela foi Evelyn Ntoko Mase, da qual se divorciou em 1957 após 13 anos de casamento. Depois casou-se com Winie Madikizela, e com ela ficou 38 anos, divorciando-se em 1996, com as divergências políticas entre o casal vindo a público. No seu 80º aniversário, Mandela casou-se com Graça Machel, viúva de Samora Machel, antigo presidente moçambicano.
Após o fim do mandato de presidente, em 1999, Mandela voltou-se para a causa de diversas organizações sociais e de direitos humanos. Ele recebeu muitas distinções no exterior, incluindo a Ordem de St. John, da rainha Elizabeth 2ª., a medalha presidencial da Liberdade, de George W. Bush, o Bharat Ratna (a distinção mais alta da Índia) e a Ordem do Canadá.
Em 2003, Mandela fez alguns pronunciamentos atacando a política externa do presidente norte-americano Bush. Ao mesmo tempo, ele anunciou seu apoio à campanha de arrecadação de fundos contra a AIDS chamada "46664" - seu número na época em que esteve na prisão.
Em junho de 2004, aos 85 anos, Mandela anunciou que se retiraria da vida pública. Fez uma exceção, no entanto, por seu compromisso em lutar contra a AIDS.
A comemoração de seu aniversário de 90 anos foi um ato público com shows, que ocorreu em Londres, em julho de 2008, e contou com a presença de artistas e celebridades engajadas nessa luta.


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Principais Pontos Turísticos da África

Continuação da África do Sul...

- Museu do Apartheid

- Museu Hector Pieterson

- Zoológico de Joanesburgo

- Galeria de Arte de Joanesburgo

- Museu da África

- Museu de Nelson Mandela e Casa de Mandela

- Sítio Arqueológico de Sterkfontein

Pontos Turísticos da África


Em Angola...

- Barra do Kwanza
 

- Parque Nacional da Quiçama
 

- Museu Nacional da Escravatura
 

- Museu Nacional de Antropologia
 

- Museu das Forças Armadas de Angola

- Museu Nacional de História Nacional de Angola
 

- Palácio de Ferro

- Fortaleza de São Miguel de Luanda
 


Principais Pontos Turísticos da África


Na África do Sul...

- Castelo da Boa Esperança

- Jardins da Companhia
Chuveiro de jardim 

- Jardim Botânico Kirstenbosch


- Cabo da Boa Esperança

 

- Jardim Botânico de Pretória



- Museu de Arte


- Jardim Zoológico Nacional da África do Sul


- National Cultural History and Open Air Museum


- Museu Transvaal


- Reserva Natural Wonderboom



Economia da África

A África é o continente mais pobre do mundo. Cerca de 1/3 dos habitantes da África vivem com menos de 1 dólar ao dia, abaixo do nível da pobreza definido pelo Banco Mundial. O avanço de epidemias, o agravamento da miséria e os conflitos armados levam esta região a um verdadeiro caos. Além disso, quase 2/3 dos portadores do vírus HIV do planeta vivem neste continente. O atraso econômico e a ausência de uma sociedade de consumo em larga escala, colocam o mercado africano em segundo plano no mundo globalizado. O PIB total da África é de apenas 1% do PIB mundial e o continente participa de apenas 2% das transações comerciais que acontecem no mundo.
Em sua maioria, os africanos são tradicionalmente agricultores e pastores. A colonização européia aumentou a demanda externa de determinados produtos agrícolas e minerais. Para atendê-la, construíram-se sistemas de comunicação, introduziram-se cultivos e tecnologia europeus e desenvolveu-se um sistema de economia de intercâmbio comercial, que continua coexistindo com a economia de subsistência.
Embora um quarto do território africano seja coberto por florestas, grande parte da madeira só tem valor como combustível. Gabão é o maior produtor de okoumé, um derivado da madeira usado na elaboração de compensado (madeira em chapa). Costa do Marfim, Libéria, Gana e Nigéria são os maiores exportadores de madeira de lei. A pesca marítima, que é muito difundida e voltada para o consumo local, adquire importância comercial no Marrocos, na Namíbia e na África do Sul. A mineração representa a maior receita dentre os produtos exportados. As indústrias de extração mineral são o setor mais desenvolvido em boa parte da economia africana. Além disso, Serra Leoa tem a maior reserva conhecida de titânio. 
A nação mais industrializada do continente é a África do Sul, que alcançou relativa estabilidade política e desenvolvimento, possuindo sozinha 1/5 do PIB de toda a África. Porém, também já foram implantados notáveis centros industriais no Zimbábue, no Egito e na Argélia. O principal bloco econômico é o SADC, formado por 14 países, que se firma como o pólo mais promissor do continente.
 


O Petróleo em África


Com uma produção que ultrapassa os quatro milhões de barris por dia a extracção de petróleo em África aumentou 36% nos últimos dez anos, um “boom” que, segundo pesquisadores da “Monthly Oil Market Report”, se vai prolongar pelos próximos anos. Isto não se deve apenas ao facto de os novos jogadores globais, como por exemplo a China ou Índia, estarem a avançar com força para o mercado energético africano.
Os especialistas da “Monthly Oil Market Report” atestam ainda que os Estados Unidos da América (EUA) também aumentaram as suas importações. Actualmente, cerca de 17% do petróleo importado pelos Estados Unidos provém de África. No prazo de uma década, esta percentagem poderá vir a atingir 25% .
Os europeus pretendem igualmente aumentar as suas importações de petróleo africano nos próximos anos.
Na região do Golfo da Guiné existem enormes reservas petrolíferas não exploradas. As reservas no offshore são estimadas em cerca de 15 mil milhões de barris de petróleo (um barril corresponde a 157 litros).
Desta forma, o Golfo da Guiné possui enormes reservas de petróleo no fundo do mar, bem como consideráveis reservas de gás natural.


As belezas da África


África do Sul é o paraíso dos diamantes


Patrick trabalhou 43 anos nas minas da região de Pretória. Ele é o nosso guia. A missão é revelar as riquezas da África do Sul, as que estão escondidas em um enorme buraco.
Um elevador nos leva a 763 metros de profundidade. Vamos em busca de algo raro e muito precioso, objeto do desejo de homens e de mulheres, é claro: diamantes!
A África do Sul está entre os cinco maiores produtores do mundo. “Diamantes podem ter bilhões de anos. São formados pelo carbono submetido a calor e pressão extremos, a partir de rocha vulcânica, explica nosso guia.
A rede de túneis é extensa. Em linha reta, corresponderia a quase uma viagem de ida e volta do Rio de Janeiro a São Paulo: 700 quilômetros. São 900 funcionários. Cada equipe cumpre jornada de nove horas de segunda a sexta-feira.
Um trem carrega até 50 toneladas de material, que podem render menos que dez gramas de diamantes. É como achar um grão de areia em uma montanha de entulho. Só o processo de lapidação vai revelar quem tirou a sorte grande.
Mas o grande orgulho da mina já não está mais por no local. Há uma réplica do Cullinan, o maior diamante do mundo, com aproximadamente 620 gramas. Ele foi encontrado em 1905, comprado e dividido em centenas de pedaços pelo governo sul-africano. Alguns viraram presentes para a família real britânica. Hoje enfeitam a coroa e o cetro da rainha Elizabeth II.
O valor de uma pedra deste tamanho é quase incalculável. Uma pequena vale R$ 800 mil. O administrador da mina conta que a palavra diamante vem do grego ‘invencível’. “É o elemento natural mais resistente que existe. Eles são eternos”, diz ele. Assinado com brilho e imune ao tempo.

A influência africana


A cultura africana é extremamente diversificada e suas características retratam tanto a história do povo quanto a do continente – considerado o território habitado a mais tempo na Terra. Isso acontece porque os habitantes da África evoluíram em um ambiente cheio de contrastes e com várias dimensões. Culturalmente eles diferem muito entre si, falam um vasto número de línguas, praticam diferentes religiões, vivem em habitações diversificadas e se envolvem em inúmeras atividades econômicas. Tribos, grupos étnicos e sociais formam essa população de costumes, tradições, línguas e religiões específicas.
No Brasil, a cultura africana chegou através do tráfico negreiro que trouxe para o País povos da África na condição de escravos. Formados principalmente por bantos, nagôs, jejes, hauçás e malês os africanos tiveram sua cultura repreendida pelos colonizadores. Na colônia os escravos aprendiam o português, chegavam a ser batizados com nomes portugueses e obrigados a se converterem ao catolicismo. Mesmo assim foram eles que ajudaram a dar origem às religiões afro-brasileiras, difundidas atualmente em diversas regiões do País. As mais praticadas no Brasil são o candomblé  e a umbanda.
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Porém, a contribuição dos africanos na cultura brasileira não se limitou à religião. Dança, música, culinária e idioma receberam influências que prevalecem no Brasil até os dias de hoje. Na culinária regional, por exemplo, a herança africana é evidente, principalmente na Bahia. O dendezeiro, uma palmeira africana da qual se extrai o azeite de dendê, foi introduzido na região pelos escravos e é hoje utilizado em vários pratos de influência africana como o vatapá, o caruru e o acarajé. Já o idioma brasileiro ganhou novas palavras como   batuque, moleque, benze, macumba e catinga.
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A música também foi muito favorecida pela cultura africana, que contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da música popular brasileira. Um exemplo disso é o gênero musical lundu, que juntamente com outros gêneros deu origem à base rítmica do maxixe, samba, choro e bossa nova. Além da contribuição rítmica, também foram trazidos alguns instrumentos musicais como o berimbau, o afoxé e o agogô, todos de origem africana. O mais conhecido deles no Brasil é o berimbau, instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da capoeira. No folclore são de origem africana as danças de cateretê, jongo e o samba, e os instrumentos musicais atabaque, a cuíca e a marimba.
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